quarta-feira, 14 de outubro de 2009

SONETO

"Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!"

((Álvares de Azevedo))
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Esse soneto exemplifica com perfeição a idealização da mulher e do amor na poesia de Álvares de Azevedo.
Pertence à Segunda Geração Romântica. Há uma presença constante da morte, uma evidência tétrica. A mulher é apenas desejada; ela é inacessível.

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