quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Gonçalves Dias


Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

De Primeiros cantos (1847)


- Naquele 10 de Agosto de 1823, certamente os sabiás não cantavam nas palmeiras, já que, como se sabe, eles preferem as laranjeiras. Mas as aves que aqui gorjeiam como em nenhum outro lugar anunciaram o nascimento do menino que viria a ser o primeiro grande poeta a cantar o Brasil: Antônio Gonçalves Dias.


"Kennst du das Land, wo die Citronen blühen,
Im dunkeln Laub die Gold - Orangen glühen?
Kennst du es wohl? - Dahin, dahin!
Möchtl ich... ziehn." *

(Goethe)


* "Conheces a região onde florescem os limoeiros?
Laranjas de ouro ardem no verde escuro da folhagem;
Conheces bem? Nesse lugar, eu desejava estar."

(Mignon, de Goethe)

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