domingo, 22 de agosto de 2010

Cartas

Carta é objeto de correspondência, com ou sem envoltório, sob a forma de comunicação escrita, de natureza administrativa, social, comercial, ou qualquer outra, que contenha informação de interesse específico do destinatário, de acordo com a Legislação Brasileira.

A carta é o elemento postal mais importante,é um meio de comunicação visual, constituída por algumas folhas de papel fechadas em um envelope, que é selado e enviado ao destinatário da mensagem através do serviço dos Correios.

((Definição segundo o site www.wikipedia.com.br))

Me atrevo a dizer que uma carta pode ser uma das maiores demonstrações sentimentais que existem. Ao escrever uma carta, é necessário concentração e sentimentalismo. Podendo ser um sentimento de amor ou mesmo o oposto. Da minha parte, requer muito carinho e perfeição. A melhor letra possível; o maior capricho possível.
Cartas são recordações. São provas das palavras que não puderam ser ditas. Ao olhar as cartas que eu guardo, me lembro de momentos, sentimentos, olhares. Posso reviver aquilo que já passou.

Infelizmente as cartas são banalizadas hoje em dia. Tudo se resume na internet atualmente e a maioria das palavras perdeu o seu sentido. E acredito que as palavras tem poder sim; mas um poder muito maior quando escritas sobre um pedaço de papel e não em uma tela digital.


As Cartas Que Eu Não Mando ((Leoni))


"Rio de Janeiro
Hoje é 23 do 3
Como vão as coisas
De mês em mês
Eu me sento pra escrever pra você

Eu reformei a casa
Você nem soube disso
Nem das outras coisas
Sabe eu tive um filho
Já faz tempo que eu me perdi de você

Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
E deixo em algum canto

Vi alguns amigos
Tropeçando pela vida
Andei por tantas ruas
São histórias esquecidas
Que um dia eu quis contar pra você

Eu fico imaginando
Sua casa e seus amigos
Com quem você se deita
Quem te dá abrigo
Eu me lembro que eu já contei com você

E as pilhas de envelopes
Já não cabem nos armários
Vão tomando meu espaço
Fazem montes pela sala
Hoje são a minha cama
Minha mesa, meus lençóis
E eu me visto de saudades
Do que já não somos nós "

"Eu te amo"

A expressão "eu te amo"
( Hélio Consolaro* )

Marisa Monte canta uma música que se chama "Amor I love you". Os primeiros versos dizem: "Deixa eu dizer que te amo/ Deixa eu pensar em você". As pessoas mais preocupadas com a gramática me perguntam se não há um erro de uniformidade de tratamento, já que o primeiro verso trata o interlocutor de TE e o segundo de VOCÊ. Segundo a gramática tradicional, além desse erro há outro.
Em anúncios idílicos, nesta Folha, quando pessoas declaram seu amor publicamente, deparo com a expressão: "Você é a minha vida. Eu te amo muito." Mudar para "Eu a amo" ou "Eu o amo" é tirar a espontaneidade da mensagem.
Para não ferir os ouvidos dos puristas e nem artificializar o texto, opto por colocar a expressão "te amo" entre aspas.
Na verdade, "eu te amo" é uma expressão cristalizada, cheia de carga emotiva. Além disso, VOCÊ é o substituto de TU no português vivo. Na gramática tradicional, ficaria assim: Deixa-me dizer que te amo/ Deixa-me pensar em ti. Perderia todo o coloquialismo proposto pela música.
"Amor I love you" tem música e letra de Carlinhos Brown e Marisa Monte e termina com um trecho do livro "O Primo Basílio", de Eça de Queirós, lido por Arnaldo Antunes. Gente de boa formação. A música não é nenhum pagode de fundo de quintal. O "erro" foi intencional, como diziam os parnasianos: trata-se de uma licença poética.
Afinal, a primeira geração do Modernismo brasileiro (1922-1930) tinha como proposta aproximar a literatura da linguagem do cotidiano.
O outro erro. A construção DEIXA-ME DIZER QUE TE AMO é a única considerada certa pela gramática tradicional. Quando se têm os verbos MANDAR, FAZER, SENTIR, DEIXAR, OUVIR e VER seguidos de outro verbo no infinitivo, o pronome que aparece ali exerce duas funções sintáticas ao mesmo tempo. Ele é objeto direto do primeiro verbo (deixar) e é sujeito do verbo no infinitivo (dizer).
Segundo o lingüista Marcos Bagno, as pesquisas lingüísticas têm demonstrado é que "o português do Brasil, ao contrário do português de Portugal, dá mais destaque aos sujeitos das orações do que aos objetos. Na língua dos brasileiros, é muito comum apagar os objetos e explicitar os sujeitos. Na língua dos portugueses, é justamente o contrário: eles preferem apagar os sujeitos e explicitar os objetos. Essa é uma das muitas diferenças que existem entre a língua do Brasil e a língua de Portugal".

*Hélio Consolaro é cronista da Folha da Região, Araçatuba, professor de Português do Ensino Médio, autor de três livros e membro da Academia Araçatubense de Letras.
Pesquisando por aí sobre Literatura (como sempre faço), encontrei o site http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=literatura/index de onde tirei esse texto interessantíssimo. Aconselho a todos darem uma espiadinha porque o site realmente é muito bom!

domingo, 8 de agosto de 2010

*

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."


“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento"
((Clarice Lispector))

A Quadrilha da Lagosta

(...) “Daí volta para a terra de novo, e... assim completa-se a primeira figura”, terminou a Falsa Tartaruga, repentinamente abaixando a voz; e as duas criaturas, que estavam pulando como dois malucos antes, sentaram-se muito tristes e quietinhas, olhando para Alice.

“Deve ser uma dança muito bonita”, disse Alice timidamente.

“Você gostaria de ver um pedacinho dela?”, perguntou a Falsa Tartaruga.

“Claro, gostaria muito”, respondeu Alice.

“Venha, vamos tentar fazer a primeira figura!”, disse a Falsa Tartaruga para o Grifo. “Nós não podemos fazer isso sem as lagostas, você sabe muito bem. Quem iria cantar?”

“Oh, você canta”, disse o Grifo. “Eu esqueci as palavras.”

Então eles começaram a dançar solenemente ao redor de Alice, às vezes pisando na ponta dos seus pés quando passavam muito perto dela, e agitando as patas dianteiras para marcar o tempo da música. A Falsa Tartaruga começou, então, a cantar esta música, muito lenta e triste:


“Não dá pra ir mais rápido?” disse a enchova para o caracol.
Tem um delfim atrás de mim, e ele está me empurrando.
Olha só as lagostas e as tartarugas, todo mundo tá andando!
O pessoal tá esperando lá na areia — quer vir e juntar-se à
nossa dança?

Você quer, ou não quer, você quer, ou não quer, você quer se
juntar à nossa dança?
Você quer, ou não quer, você quer, ou não quer, você quer se
juntar à nossa dança?

“Você não pode acreditar como vai ser bom,
Eles vão nos pegar e nos rodar e vão nos atirar com as lagostas
para o mar!”
Mas o caracol respondeu:
“Muito longe, muito longe!” E deu uma
olhadela de lado...
Agradeceu o gentil convite mas não, ele não queria se juntar à
nossa dança.
Não queria, ou não podia, não queria, ou não podia se juntar à
nossa dança!
Não queria, ou não podia, não queria, ou não podia se juntar à
nossa dança!

“E daí que seja longe?” disse a amiga enfastiada,
Tem outra praia, você sabe, outra praia do outro lado,
Quanto mais longe da Inglaterra, mais perto se está da França.
Não fique nervoso, querido caracol, e sim venha e se junte à
nossa dança.
Você quer, ou não quer, você quer, ou não quer, você quer se
juntar à nossa dança?
Você quer, ou não quer, você quer, ou não quer, você quer se
juntar à nossa dança?


"Muito obrigada, é uma dança muito interessante para se assistir”, disse Alice bastante aliviada por tudo ter acabado afinal, “e também achei muito curiosa esta canção sobre a anchova!”

“Oh, a anchova”, retrucou a Falsa Tartaruga, “elas...você já viu uma delas, não?”

“Sim”, respondeu Alice, “eu sempre as vejo no jan...” e calou-se na hora.

“Eu não sei onde fica este Jan”, disse a Falsa Tartaruga, “mas, se você as vê lá sempre, é claro que você sabe como elas são.”

“Acho que sim”, Alice replicou pensativamente. “Elas têm o rabo na boca...e são cobertas de farinha de rosca.”

“Você está errada sobre a farinha de rosca”, disse a Falsa Tartaruga.

“Iria se dissolver toda no fundo do mar. Mas elas têm o rabo na boca, e a razão para isso é...”, aqui a Falsa Tartaruga bocejou e esfregou os olhos. “Conte para ela a razão e tudo o mais”, finalmente a Falsa Tartaruga disse para o Grifo.

“A razão é”, disse o Grifo, “que elas queriam de qualquer maneira ir dançar com as lagostas. Daí elas foram atiradas ao mar. Daí a queda foi muito longa. Daí elas colocaram os rabos nas bocas. Daí elas não conseguiram tirá-los mais. Isso é tudo.” (...)
*
((Alice no País das Maravilhas))

*

Sometimes I lie awake at night and I ask, “Is life a multiple choice test or is it a true or false test?” …Then a voice comes to me out of the dark and says, “We hate to tell you this but, life is a thousand word essay.”

((Charles M. Schulz))




Às vezes eu estou acordado a noite e me pergunto, “A vida é um teste de múltiplas escolhas ou é um teste de verdadeiro e falso?” ...E então uma vez vinda da escuridão diz, “Odeio ter que dizer isso, mas a vida é uma redação de mil palavras.”

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O Caçador de Pipas


"Por você faria isso mil vezes"
*

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O Caçador de Pipas é considerado um dos maiores sucessos da literatura mundial dos últimos tempos. Este romance conta a história da amizade de Amir e Hassan, dois meninos quase da mesma idade, que vivem vidas muito diferentes no Afeganistão da década de 70. Amir é rico e bem-nascido, um pouco covarde, e sempre em busca da aprovação de seu próprio pai. Hassan, que não sabe ler nem escrever, é conhecido por coragem e bondade. Os dois, no entanto, são loucos por histórias antigas de grandes guerreiros, filmes de caubói americanos e pipas. E é justamente durante um campeonato de pipas, no inverno de 1975, que Hassan dá a Amir a chance de ser um grande homem, mas ele não enxerga sua redenção. Após desperdiçar a última chance, Amir vai para os Estados Unidos, fugindo da invasão soviética ao Afeganistão, mas vinte anos depois Hassan e a pipa azul o fazem voltar à sua terra natal para acertar contas com o passado.

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Amir era um garoto problemático que cresceu no Afeganistão. Sua mãe morreu durante o seu parto, sua relação com seu pai, Baba, é formal demais e seu melhor amigo é Hassan, um garoto hazara de lábio leporino, filho do empregado da família, Ali. Amir não entendia o afeto que seu pai demonstrava ter por Hassan, afeto esse que resultou numa plástica, paga por Baba, para corrigir o defeito de nascença do garoto, quando este fez doze anos.
O amigo de Amir é um dos destaques do anual campeonato de pipas, que marca o início do inverno em Cabul.
Amir é campeão na competição e Hassan é um talentoso caçador de pipas, alguém que apanha as pipas caídas para exibi-las como troféus.
Em seus doze anos, Amir finalmente ganha a estima do seu pai por ter vencido a competição. Infelizmente, quando Hassan corre para apanhar a última pipa, ele encontra Assef. Amir vai a procura do seu amigo e acaba testemunhando Hassan sendo brutalmente violentado por Assef. Falta, a Amir, coragem para intervir e ele prefere manter seu conhecimento sobre o fato em segredo. No entanto, a culpa que ele passou a sentir perante à sua inatividade naquele momento, envenenava lentamente o seu relacionamento com Hassan.
No seu aniversário de treze anos, Amir recebe diversos presentes do seu pai e dos amigos deste. Entretanto, um deles é particularmente especial: um carderno em branco que ganhara do amigo e sócio do seu pai, Rahim Khan, para que ele escrevesse suas histórias.
Não podendo mais tolerar a presença de Hassan em sua casa, Amir prepara uma armadilha para seu amigo, escondendo dinheiro e um relógio de pulso sob o colchão de Hassan para incriminá-lo. Apesar de ser inocente, Hassan prefere confessar o roubo a complicar seu amigo. Ali se sente forçado a deixar a família, a qual serviu durante muitos anos, e se mudar para a remota Hazarajat, apesar dos protestos e lágrimas de Baba. Ainda que Amir nunca mais tivesse visto Hassan novamente, ele se vê constantemente atormentado por tê-lo traído.
Em 1980, Amir e seu pai deixam o Afeganistão, vão para Peshawar, no Paquistão, e, em seguida, para os EUA, escapando do novo regime soviética.
Em 1984, Amir e Baba estão morando em Fremont, Califórnia, EUA. Baba trabalha em um posto de gasolina e ganha um dinheiro extra vendendo sucatas em uma feira aos domingos, almejando pôr seu filho numa faculdade. Baba é diagnosticado com um câncer no pulmão. Amir conhece Soraya Taheri, com quem se casa mais tarde. Eles têm um casamento tradicional. Soraya se muda para a casa de Amir e cuida de Baba até ele morrer.
Os anos se passam. Amir embarca em uma bem-sucedida carreira como romancista. Ele e Soraya não podem ter filhos e relutam em adotar uma criança.
Em 1999, quinze anos depois da morte de Baba, Amir recebe um telefonema de Rahim Khan, que vivia em Peshawar. Amir viaja para o Paquistão para encontrá-lo. Rahim revela a Amir tudo o que aconteceu no Afeganistão depois da guerra civil.
Rahim se mudou para o antigo casarão de Baba, levando consigo Hassan, a mulher e o filho de Hassan, Sohrab. Dez anos depois, ele deixa Cabul e vai para o Paquistão. Hassan e sua mulher foram assassinados por um soldado taliban. Seu filho foi levado para um orfanato.
Rahim Khan pede a Amir que ele retorne ao Afeganistão para resgatar Sohrab. Para persuadi-lo, Rahim revela um segredo de família: Ali era estéril e Baba era o verdadeiro pai de Hassan, fazendo com que Amir e Hassan fossem meio-irmãos e Sohrab fosse meio-sobrinho de Amir.
Após relutar muito, Amir retorna a uma Cabul controlada pelo Taliban para procurar por seu sobrinho. Ele localiza o orfanato e é informado que o garoto fora levado por um oficial Taliban, que o usa como escravo sexual. Amir acha o oficial e pergunta por Sohrab, no entanto, o oficial é Assef. Eles brigam na frente do garoto e, se não fosse Sohrab ameaçando atirar no olho esquerdo de Assef com um estinligue e cumprido sua ameaça, Amir teria morrido.
Amir e Sohrab fogem para o Paquistão, onde ele decide adotar o garoto, mas encontra a oposição das autoridades americanas locais. Amir conta a Sohrab que talvez tenha de colocá-lo em um orfanato temporariamente. Com medo de receber o mesmo tratamento cruel que recebera no Afeganistão, Sohrab tenta o suicídio ao cortar seus pulsos. Amir descobre Sohrab a tempo, quando corre para contá-lo que sua mulher, nos EUA, encontrou uma forma de levar o garoto para a América.
O livro acaba com Amir e Sohrab de volta aos EUA. Sohrab está emocionalmente abalado e procura não falar. O dia de ano novo afegão é celebrado com uma competição de pipas, e Amir compra uma. Ele usa uma das antigas manhas de Hassan para derrubar uma pipa adversária. Nesse momento, um pequeno sorriso de Sohrab enche Amir de alegria: uma pipa voando foi o começo do descogelamento das emoções de Sohrab, e Amir, finalmente, se sente libertado da culpa que carregara consigo desde a infância.

*

"As sem razões do amor
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor."

((Carlos Drummond de Andrade))

domingo, 1 de agosto de 2010

A Menina que Roubava Livros

A Menina que Roubava Livros (no original, The Book Thief) é um romance do escritor australiano Markus Zusak, publicado em 2006. No Brasil, foi lançado em março de 2007 pela editora Intrínseca, e foi traduzido por Vera Ribeiro.
Sendo narrada pela morte, o livro conta a história de Liesel Meminger, uma garota que se encontrou com a narradora diversas vezes ao longo de sua vida e foi observada pela curiosa colhedora de almas. Liesel Meminger foi adotada por uma familia alemã e sua familia colheu um judeu para poder ajuda-lo, Liesel conheceu atravez de Max Vanderburg o mundo dos livros e passava varia horas com Max no porao da sua casa. O pai de Liesel tenta ajudar um judeu durante uma caminhada e é advertido pelo soldado alemão soldado esse que agride Has Hubermann. Hans entao pede para que Max va embora pois os soldados viriam atras de Hans e entao pegariam Max. Liesel é apaixonada por seu amigo Rudy Steiner. Vivendo na Alemanha nazista, Liesel enfrenta vários desafios.



- Estou o lendo nesse momento! =)

Oscar Wilde


"It is absurd to divide people into good and bad. People are either charming or tedious."


((Oscar Wilde, Lady Windermere's Fan, 1892, Act I))


É absurdo dividir as pessoas em boas e más. Elas são charmosas ou tediosas.