terça-feira, 27 de julho de 2010

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"I can see the sun, but even if I cannot see the sun, I know that it exists. And to know that the sun is there - that is living."


((Fyodor Dostoevsky))


Eu posso ver o sol, mas mesmo que eu não pudesse ver o sol, eu sei que ele existe. E saber que o sol está lá - isso é viver.


As Brumas de Avalon

As Brumas de Avalon (The Mists of Avalon) é uma obra de 1979 da escritora americana Marion Zimmer Bradley feita em quatro volumes. É ambientada durante a vida do lendário Rei Arthur e seus cavaleiros e tem por escopo narrar a já conhecida lenda arturiana a partir de uma outra perspectiva. Quem protagoniza a história, nesta versão, são as personagens femininas, tais como Guinevere, Morgana e Morgause, o que acabou resultando na reelaboração de todo o universo mítico da trama.
Outros personagens são apresentados aqui como títulos, como a Senhora do Lago e o Merlin da Bretanha, que nessa versão deixam de ser personagens específicos para ser os títulos político-religiosos da matriarca e do patriarca dos celtas pagãos.

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A obra foi dividida pela autora em quatro momentos (ou tomos). Na versão estadunidense, encontramos todos os volumes num único livro. O romance, além de narrar cerca de 70 anos ou mais (inicia-se quatro anos após o nascimento de Morgana e narra fatos dela já em idade bem avançada), explora fatos históricos preenchendo as lacunas ignoradas sobre a influência do paganismo e das mulheres na formação da Bretanha.
A homossexualidade, tanto a feminina quanto a masculina, também é superficialmente abordada na obra. Lancelote declara explicitamente seu amor e desejo por Arthur e, em algumas passagens do livro, é feita uma insinuação de que Morgana mantém relações com a sacerdotisa Raven.


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A Senhora da Magia
A Grande Rainha
O Gamo Rei
O Prisioneiro da Árvore


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Relacionados a esta obra, temos Queda de Atlântida (volume I e II), e Ancestrais de Avalon (póstumo e encerrado por sua colega), Casa da Floresta, Senhora de Avalon, Sacerdotisa de Avalon, Brumas de Avalon. No entanto, não foram desenvolvidos linearmente pela autora.
Como o leitor de Brumas de Avalon pode notar, Viviane, Morgana, Kevin -O Bardo, Mordred, Igraine e Uther já se encontraram em outra vida; o primeiro encontro se dá em Queda de Atlântida e estende-se por Ancestrais de Avalon, com a chegada dos atlantes à Bretanha. Em Casa da Floresta, novamente alguns personagens se cruzam em papéis diferentes.
O volume de Senhora de Avalon conta com uma extensão de Casa da Floresta, tendo aí uma visão mais aprofundada da vida na comunidade de Avalon, temos um salto na segunda história para a expansão do domínio romano na Bretanha (que segue-se no livro Sacerdotisa), fechando na terceira história o passado de Viviane, o que dá gancho para as Brumas. O romance Sacerdotisa de Avalon, explora a lenda de Santa Helena, mãe de Constantino, primeiro imperador romano (que tinha pais pagãos) e a escolha política da nova religião para o império. São livros independentes entre si, mas o bom leitor sente as ligações e compreende a complexidade narrativa desta autora famosa pela série Darkover, que segue esta linha de desenvolvimento.

Farsa de Inês Pereira

A Farsa ou Auto de Inês Pereira é uma peça de teatro escrita por Gil Vicente. Nela o autor retrata a ambição de uma criada da classe média portuguesa do século XVI.

A obra foi escrita a partir de um desafio lançado por pessoas que duvidavam do talento de Gil Vicente. O autor concordou em escrever uma peça que comprovasse o provérbio "Mais quero um asno que me carregue, que cavalo que me derrube". Foi representada pela primeira vez a João III de Portugal no Convento de Cristo, em Tomar, em 1523.


Tecnicamente, é a mais perfeita obra vicentina, pela unidade de acção que apresenta. Pode ser dividida em quatro partes principais (quadros), ou em oito cenas. Não há, no entanto uma divisão explícita, pelo autor, em actos.
Toda a peça gira à volta da personagem principal, Inês Pereira, que nunca sai de cena. As didascálias são escassas, não há mudança de cenário, e a mudança de cena é só pautada pela entrada ou saída de personagens.


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Inês, moça simples e casadoura mas com grande ambição procura marido que seja astuto, sedutor. A mãe de Inês, preocupada com a sua filha, sua educação e cimento, incita-a a casar com Pero Marques, pretendente arranjado por Lianor Vaz. No entanto, Inês Pereira não se apraz do filho do lavrador, por este ser ignorante e inculto.
Entram então em cena dois casamenteiros judeus, e Inês se casa com um escudeiro, de sua graça Brás da Mata.
Este casamento depressa se revela desastroso para Inês, que por tanto procurar um marido astuto acabou por casar com um que antes de sair em missão para África, dá ordens ao seu moço - Fernando - que fique a vigiar Inês e que a tranque em casa de cada vez que sair à rua.
Meses após a sua partida, Inês recebe a prazerosa notícia de que o seu marido foi morto por um pastor. Não tarda em querer casar de novo e, nesse mesmo dia, chega-lhe a noticia de que Pero Marques continua casadoiro, de resto como ele havia prometido a Inês quando do primeiro encontro de ambos.
Inês casa com ele logo ali e, já no fim da história, aparece um ermitão que se torna amante da protagonista.
O ditado "mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube", não podia ser melhor representado do que na última cena da obra, quando o marido a carrega em ombros até ao amante, e ainda canta com ela "assim são as coisas".

The king Salomon's Mines

As Minas do Rei Salomão, publicado originalmente em 1885, é um best-seller escrito por Henry Rider Haggard, escritor vitoriano de aventuras e fabulista. O livro narra uma jornada ao coração da África feita por um grupo de aventureiros liderados por Allan Quatermain em busca de lendária riqueza que diz-se estar oculta nas minas que dão nome ao romance. É considerado o primeiro romance de aventura a se passar na África e é considerado o precursor do gênero literário "mundo perdido", em que se descobre um novo mundo, daí sua importância.
Tornou-se um imediato best-seller. No final do século XIX, exploradores estavam descobrindo civilizações perdidas em volta do mundo, como o Vale dos Reis no Egipto, a cidade de Tróia, o Império Assírio. A África ainda era largamente inexplorada e "As minas de Salomão" foi o segundo romance de aventura africana publicado em inglês, capturando a imaginação do público. O primeiro foi Cinco Semanas em Um Balão, publicado em 1863 pelo escritor francês Júlio Verne.
O "Salomão" do título do livro é, claro, o rei bíblico renomado tanto por sua sabedoria quanto por sua riqueza. Um número de locais foi identificado como sendo o lugar onde estariam localizadas as minas de Salomão, incluindo Timna (pequena cidade no Iêmen) perto de Éilat, e muitos lugares "fictícios".
Haggard conhecia bem a África, pois havia penetrado no continente como um jovem de dezenove anos envolvido com a guerra Anglo-Zulu e a Primeira Guerra Bôer, as quais forneceram sua base e inspiração para esta e muitas outras histórias.


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Conta-se que o livro surgiu como resultado de uma aposta de Haggard com seu irmão, a saber, que ele não conseguiria escrever um romance com a metade da qualidade da "A Ilha do Tesouro" (1883) de Robert Louis Stevenson.
Como "A Ilha do Tesouro", a maior parte do livro foi escrita com a perspectiva em primeira pessoa como em um diário de viagens, relatando a aventura, em contraste com a maioria das ficções vitorianas que tinha adotado a perspectiva em terceira pessoa, onisciente, favorecida por escritores influentes como Charles Dickens, Wilkie Collins e Anthony Trollope.
"As Minas de Salomão" foi bastante influente, originando o género "mundo perdido", seguido depois por Edgar Rice Burroughs em "A terra que o tempo esqueceu", "O mundo perdido" de Arthur Conan Doyle, "King Kong" de Edgar Wallace e "O homem que queria ser rei" de Rudyard Kipling.
O livro ganhou pelo menos quatro adaptações para o cinema. A obra homónima do escritor português Eça de Queiroz, mais que uma mera tradução, constitui uma obra com valor próprio.